Num ano marcado por eleições, nada melhor do que evocar a memória de nomes que
marcaram a história política de Lagarto, ainda mais quando os tempos atuais pecam pela falta de bons exemplos e boas opções de voto. Num elenco de distintas e verdadeiras lideranças
lagartenses, desponta o nome de Antônio Martins de Menezes (28.08.1913 - 02.02.1995).
Vereador entre nos anos 1950, quando chegou a ser Presidente da Câmara, foi ainda
Prefeito de Lagarto de 1958 a 1962. E vice de Artur de Oliveira Reis de 1983 a 1989. Seu
grande legado em muito se assemelha ao saudoso Monsenhor João Batista de Carvalho Daltro: o estímulo ao desenvolvimento da pequena propriedade e a distribuição de terras a famílias menos abastadas que pudessem tirar seu sustento da atividade agrícola.
Nesse sentido, a criação da Colônia Treze, um dos mais importantes povoados do Município de Lagarto, se sobressai no conjunto das contribuições administrativas de Antônio Martins. Esse processo ocorreria entre os anos 1950 e 1961. Trata da aquisição de terras improdutivas, numa região chamada “Treze” ou “Tangente”, que pertenciam ao Sr. Joviniano José de Souza e que foram batizadas de Colônia Antônio Martins de Menezes (a Faculdade José Augusto Vieira possui em seu acervo, como parte do Projeto Doe Memória e Faça História, a bandeira original). Isso em 1960. Oficialmente falando, a Colônia Treze nasce no ano seguinte, quando é feita a primeira doação de seu fundador, em 12 de dezembro de 1961 (a padroeira do povoado até hoje é Santa Luzia, que se comemora exatamente no dia seguinte à fundação – dia 13 de dezembro).
Segundo escritura de doação datada de 1961, o primeiro beneficiado foi o Sr. José de
Almeida. Estes, como aos que se sucedeu a ele, tinham a contrapartida de povoar e desenvolver economicamente às terras. Quase 50 anos depois (a serem comemorados com galhardia por aquela comunidade), o resultado está aí, apesar das dificuldades enfrentadas por um de seus maiores empreendimentos: a Coopertreze.
Símbolo da pujança desenvolvimentista de Antônio Martins destaque para a melhoria das condições elétricas do município. Com o apoio do então Deputado Federal Lourival Batista, substitui o antigo “locomóvel” (uma espécie de casa de força) e implantou um novo tipo de
iluminação que advinha em grande medida em função da instalação e funcionamento da Usina
Hidrelétrica de Paulo Afonso.
O espírito desbravador de Antônio Martins de Menezes não esteve apenas presente na
fundação da Colônia Treze. Coube a ele expandir o perímetro da cidade além do antigo Tanque Grande, sendo responsável pela abertura de uma via que ligava o centro da cidade ao Bairro Horta, hoje uma das principais artérias do comércio lagartense (que dá acesso à popular feira livre) e roteiro das festas de folia e de forró, como Lagartofolia, Micareta e Festival da
Mandioca.
Outro dado curioso que pode ser levantado das ações administrativas do grande desbravador lagartense é a valorização da cultura popular e religiosa da cidade, tendo dado ênfase, sobretudo, ao folclore e ao civismo.
Claudefranklin Monteiro Santos – Professor do Departamento de História da UFS. Doutorando em História pela Universidade Federal de Pernambuco.
Fontes Básicas:
FONSECA, Adalberto. História de Lagarto. Governo de Sergipe, 2002.
SANTOS, Maria José Lopes dos. Os Primórdios da Colônia Treze (1950-1962). Monografia.
Departamento de História/PQD 2/Universidade Federal de Sergipe (Pólo de Lagarto), 2002.
SANTOS, Claudefranklin Monteiro (Org.). Uma Cidade em Pé de Guerra: Saramandaia x Bole-
Bole. Aracaju: Editora J. Andrade, 2008.
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