Antonio Martins de Menezes: Reconhecimento

domingo, 16 de janeiro de 2011

Reconhecimento

José Vicente de Meneze (Juca)

"Dentro de Lagarto, foi o homem que tinha."

Morador há 50 anos na casa que ganhou de Antonio Martins, Juca reconhece seu benfeitor e diz mais: "Ele me deu madeira, tijolo, areia, dinheiro no banco e escritura do imóvel. A mim somente não, a mais 30 pessoas e ainda colocou água na região. Tudo que tenho foi doado por ele. Era uma pessoa assim, se alguém lhe pedisse um cruzeiro ele tirava do bolso cinco! E não exigia devolução."

Postado por Antonio de Medeiros.

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"Falar de Antonio Martins de Menezes tendo de separar o homem do mito é extremamente difícil, pois, todos os depoimentos sobre sua trajetória o colocam na condição de super-herói. Não há espontaneamente ninguém que consiga depor a seu respeito, sem que registre suas benfeitorias materiais e conseqüentemente espirituais, ou vice e versa. O homem, caráter e resultados ilibados, contribuem para a idolatria que lhe é dedicada como um benfeitor, uma providencia divina.

O Antonio de Porfírio, como era chamado, foi para todos um Midas embora para si próprio, tenha como diz a música “deixado a vida lhe levar”. Sem ambições particulares, Antonio Martins de Menezes, fazia o bem ao próximo, mesmo sabendo que alguns, por simples desvio de conduta, tentassem tirar mais proveitos ou simplesmente traí-lo. E era justamente a estes, que Menezes procurava fazer o bem dizendo: “quanto pior a pessoa, mais eu procuro fazer por ela”.

O ensinamento bíblico através de parábolas, tão praticado por este bandeirante do bem, não o levou a fortuna individual, mas sim, coletiva. O nosso Antonio, de Menezes e de Porfírio, subiu aos céus, não poderia ser para outro lugar, deixando histórias de filantropia, seu único tesouro em meio a tantos milhões de cruzeiros que manipulou em vida.

Como homem público Menezes não foi diferente. A frente da Prefeitura de Lagarto/SE, sua influencia sobre os munícipes era tão grande que voluntariamente trabalhava-se em favor de sua gestão, trazendo até ele, informações sobre tudo o que acontecia no município, sem que o mesmo precisasse sequer levantar-se do banco de madeira colocado a frente de sua residência, lugar apelidado de “gameleiro”. Era ali, no Gameleiro, que Menezes despachava, falava e praticava política mas, seu coração, sua labuta, estava na Colônia Treze que ajudou a fundar, até os domínios da vizinha Bahia, nas terras do Rio Real.

Até a prática de demarcar terras, era uma marca pessoal, Antonio Martins usava foguetes de sinalização para que de onde estivesse , o pessoal do desmatamento saísse numa linha reta em direção ao fogueteiro e assim, demarcava-se os lotes de terras que ele acabaria por financiar, não só a compra, por parte de terceiros, assim como insumos para os plantios. Ele avalizava títulos bancários, acreditando não somente no tomador , mas em si próprio. Não deixou um só título em aberto nos bancos, quitou todos.

Falar de Antonio Martins de Menezes é antes de mais nada falar do bem que triunfa contra o mal, é falar de que servir ao próximo é muito mais recompensador do que amealhar fortunas materiais, pois, as fortunas se esvaem mas, a história se perpetua. Falar dele é procurar encaixá-lo no que disse Jesus, quando afirmou que para alguém alcançar o Reino dos Céus, seria mais fácil um camelo transpassar o buraco da agulha, do que um rico entrar na casa de Deus. Com certeza é lá que Antonio Martins de Menezes está..."

Texto: Antonio de Medeiros (jornalista e escritor)

gameleiro

Engenheiro agrônomo Ismar Francisco Ramos. O engenheiro agrônomo Ismar Francisco Ramos foi além de amigo de A. Martins, um ouvidor. Vizinhos frontais, sempre à noite, Ismar e Martins reuniam-se embaixo de uma árvore plantada para abrigar o "gameleiro" nome dado ao local de reunião, que era um banco de madeira, onde Martins despachava alguns assuntos administrativos de pequeno porte da prefeitura, já que todos viam até ele comunicar-lhe fatos e acontecimentos. Também na barbearia de Abel, duas casas de distância, que as coisas da política também aconteciam. Constantemente na barbearia de Abel e na gameleira da casa de A. Martins decidiam-se os destinos políticos e administrativos do município. Segundo Ismar, o que mais constrangia Antonio Martins era a falta de dinheiro da prefeitura para as muitas obras que ele julgava necessárias.